RONALDO: ?MESSI SÓ SERÁ LENDA SE GANHAR UMA COPA?

- Ronaldo em entrevista ao Papo com Benja na 9ine, sede de sua empresa
- Crédito da imagem: Ari Ferreira
- 'Messi é fantástico, mas só será uma lenda como o Fenômeno, como Zidane, Maradona e outros astros da história do futebol mundial, se conquistar uma Copa do Mundo.'
- Nesta terceira parte da entrevista para o programa 'Papo com Benja', Ronaldo diz que o Barcelona de Messi é o melhor time que ele viu jogar na vida, mas faz ressalva com relação ao craque argentino. Fala também sobre a fase de transição na Seleção Brasileira, pede paciência com o time de Mano Menezes e aposta em Neymar, Ganso e companhia.
- E chega a se emocionar ao defender o Imperador Adriano, que ele mesmo indicou para o então presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, no ano passado.
- > Veja a entrevista concedida na sede de sua empresa, a 9ine:
- E o Dunga na Copa, hem? Ele errou em algumas opções, mas você não acha que ele foi enxovalhado injustamente?
- Mas isso não é novidade. Nós, do futebol, vemos as coisas muito claras. Não fomos nós que criamos tudo isso, foi a imprensa. O que foi feito com Dunga em 2010 foi feito com outros treinadores. Quem perdeu foi crucificado, esculachado... A maior expectativa do brasileiro é ganhar a Copa, se não ganhar, vai ser acusado de tudo e qualquer coisa.
- Posso lhe fazer uma pergunta? Você responde, se quiser. É uma curiosidade muito antiga. Afinal de contas, o que aconteceu naquela noite, na véspera da final da Copa da França, em 1998?
- Mas já respondi muitas vezes (risos)... Eu mesmo não sei... Eu dormi. E clinicamente não foi nada comprovado, foi como se nada tivesse acontecido. Depois, me contaram que eu tive uma convulsão que assustou todo mundo e mais nada. Nenhum mistério! Não teve veneno na comida, pagamento... Tem umas lendas que não acabam... O exército francês... (risos).
- Você nunca foi de bater boca publicamente com ninguém, né? Nunca entra em polêmica... Mas você ficou puto com o Leco (Carlos Augusto de Barros e Silva, ex-vice de futebol do São Paulo) por ele dizer que não tinha medo de enfrentar um ex-jogador, antes daquela semifinal do Paulistão contra o São Paulo?
- (Risos) Ah, não! Essas vésperas de clássico são assim mesmo. Nem conheço o Leco para julgá-lo, tudo é válido em véspera de clássico. Não fico puto com essas bobeiras.
- Você fica p... com o quê, então?
- Dificilmente fico puto. Acho que o que mais me deixa indignado são as injustiças que são feitas. Algumas poucas foram feitas comigo, mas também não me queixo.
- Você tem um dom de abafar as coisas, de não deixar as polêmicas se prolongarem. Quem lhe ajuda, você é assessorado?
- Tem uma equipe que trabalha comigo que tem sido muito eficiente (risos). No futebol, quando você está jogando, tem um poder muito forte na comunicação porque você é o protagonista e tem a palavra para todos ouvirem. Quando deixa de jogar, essa influência diminui porque tem outro jogando e fazendo gols. Eu procuro seguir os valores familiares, de boa conduta, de respeito, enfim...
- Você está de bem com a vida, não?
- Graças a Deus, sim. Trabalhando muito, tentando dar uma contribuição ainda maior que já dei, agora do lado de fora. Quero que o futebol seja um esporte rico e que todos tenham alcance. Neste ano, temos projetos importantes envolvendo clubes de futebol que vai mudar um pouco a cara do futebol.
- Pode falar que projeto é?
- Não, não posso falar ainda. Vamos começar a pôr em prática neste ano.
- Diz uma coisa: por que Ronaldinho Gaúcho virou um jogador comum? Ele perdeu o foco, perdeu o interesse, o que há afinal?
- Tem de perguntar para ele. Pelo Paris Saint-Germain (FRA), que poucos falam, ele jogou muita bola, destruiu a bola em Paris. Em Barcelona também comeu a bola. Depois teve passagens por Milan (ITA) e Flamengo, nos quais não está tendo muito destaque como era antes. Mas também não dá para comparar. Ninguém joga bem durante 20 anos. Mas sem dúvida que ele é um talento maravilhoso.
- E Adriano? Foi você que mandou o Andrés (Sanchez, ex-presidente do Corinthians) contratar?
- Falei com Andrés. Só. Adriano estava querendo voltar, eu propus esse nome e eles (do Corinthians) tinham a decisão. Dei a ideia, achava que podia ser uma reviravolta grande para o Adriano, e ainda acredito. As últimas notícias são positivas, de comprometimento muito maior, então, ainda acredito que, até o fim do contrato, ele vai dar alegrias ao torcedor.
- Deus te ouça, porque tá difícil (risos)...
- (De cara fechada) É, tomara porque ele é um bom garoto, um grande amigo. Muitas vezes, as pessoas gostam de julgar, sem se colocar no lado contrário. (Emocionado) Conheço bem o Adriano, ele teve muitos problemas, momentos difíceis, a gente espera que ele encontre equilíbrio como jogador e na vida pessoal.
- Mas a gente liga e pede para ouvi-lo, mas ele diz que não fala! Bem... Você viu Santos e Barcelona na final do Mundial? O jogo lhe surpreendeu?
- Não! Apostei e dei dois gols de vantagem para o Santos. Sem exagero, o Barcelona atual é o melhor time que vi jogar na minha vida. E tenho 35, 36 anos... (risos). Não sei quantos anos tenho mais...
- Você é gato, cara?
- (Risos) Eu me confundo... 36? Acho que são 35 ainda...
- Messi é um dos maiores que você já viu, ao lado de Zidane, Maradona...?
- Messi é fantástico, mas como a gente convive no futebol, sabe que ele impõe certos critérios. O de ganhar uma Copa é muito importante para ele entrar nesse hall da fama. Tem de ganhar uma Copa para se tornar uma grande lenda.
- E a Seleção Brasileira que não empolga? Por quê? Você sabe?
- Sei. A gente veio de uma ou duas gerações vitoriosas. Romário, Bebeto, Dunga... Depois, Rivaldo, eu, Ronaldinho Gaúcho... Duas vitoriosas pra caramba, que ganharam tudo e encantaram. Essas gerações terminanram. E está começando uma nova agora, com jovens, um novo treinador, tudo diferente. Então, tem de ter paciência.
- Se você fosse o Neymar, teria ido para a Europa? Teria aceitado a proposta do Real (Madrid) ou do Barcelona?
- Pela parte financeira e ambição pessoal, sim. De conquistar o mundo, de ser o melhor do mundo, de aprender a lidar com os jogadores europeus, de arrebentar na Europa, ia dar um crescimento e seria uma nova etapa como jogador e homem também. Seria uma evolução fantástica para ele. Ele fez uma escolha diferente e a gente tem de respeitar. Como patriota, é ótimo vê-lo jogar aqui, mas se eu fosse ele, teria ido. Vivi a mesma situação, decidi ir e graças a Deus deu certo.
- Em 2009, você arrebentou no Corinthians, ganhou a Copa do Brasil, o Paulistão, fez um monte de golaços... Acha que merecia ter sido chamado pelo menos para alguns amistosos?
- Não, não... Não tenho mágoa alguma do Dunga. Não acho (que deveria ter sido chamado) porque meu ciclo tinha acabado na Seleção. Deveria começar uma nova etapa com novos jogadores, um processo natural.
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